Nasceu Kyle!
Crystina e David me procuraram no fim de agosto. No
encontro os dois mostraram que já tinham suas definições do que queriam no
parto.
A primeira filha (de 1a e 8m) havia nascido em um parto
normal nos EUA, onde eles moravam. Parto normal com intervenções, cardiotoco e episiotomia.
Eles tinham consciência de que o parto natural era o melhor para mãe e bebê, e
lutariam para conseguir isso.
Extremamente decididos, encontraram uma pediatra que topou
não fazer as intervenções de rotina na bebê. Dr. Rachel Carneiro foi a GO
escolhida, e também estava de acordo em não fazer nenhuma intervenção.
Depois desses detalhes acertados, só faltava o hospital.
Procura daqui, dali, conversa com os chefes de cá e de lá... acorda com a
pediatra Eliane, e por fim optaram pelo hospital Y.
Confesso que fiquei desesperada quando me deram essa
notícia. Hospital Y é particular e tem índice de cesáreas superior a 90%. Se
por alguma eventualidade a Rachel não pudesse estar lá, nossas chances estariam
drasticamente reduzidas.
Depois do hospital escolhido, David (o pai) ficou
incumbido de pegar a autorização de entrada para que ele acompanhasse o parto
(sim... sem autorização prévia não entra) e Rachel foi tentar a autorização de
entrada do resto da equipe (Eluzia-EO e eu-doula).
Infelizmente, não foi permitido entrar acompanhante + 1,
e eles precisaram optar entre EO e Doula. Depois de pensar no assunto, eles
decidiram que eu entraria.
Tudo certo, agora era só esperar a hora em que Kyle
resolvesse vir ao mundo.
No dia 14 de outubro às 6:20 da manhã, Crystina me manda
uma mensagem dizendo que estava com dores que pareciam cólicas menstruais, já
de 10 em 10 minutos. Pedi que ela tomasse um banho quente e continuasse a
anotar as contrações, que em 1 horas veríamos se teve alguma mudança.
Liguei pra Eluzia e fui me arrumar. Uma hora depois e nenhuma
mudança. Decidimos ir pra casa dela de uma vez, fazer uma avaliação e ficar se
fosse necessário.
Chegamos na casa deles por volta das 8:00h e encontramos Crystina
saindo do banho, com a maior cara de “nada está acontecendo”. rs
Eluzia auscultou o BFC, tudo ok. Hora de verificar a
dilatação, e pra surpresa de todo mundo 5cm!! Fomos para a sala fazer uns
exercícios na bola, tudo correndo maravilhosamente bem.
Tiramos fotos, rimos e brincamos. Nem parecia que
estávamos acompanhando um pleno trabalho de parto. Avisamos da evolução pra GO
Rachel e ficamos de esperando a evolução da dilatação.
Aí começou a preocupação... não conseguíamos falar com a
pediatra escolhida. Crystina e David sabiam que o pediatra plantonista não
respeitaria todas as escolhas que eles haviam feito. “Se não acharmos a
pediatra, não vamos pro hospital, simples. Não vou deixar que façam um monte de
intervenções na minha filha.” David estava tão decido como eu nunca havia visto
em nenhum pai antes. Todo seu trabalho de pesquisa havia surtido um efeito
incrível de confiança.
Felizmente achamos a pediatra, que pediu para ligarmos
quando estivéssemos indo para o hospital. Ufa! rs
Com tudo acertado, relaxamos e continuamos os trabalhos.
Deu até pra provar a receita secreta de castanhas do David. Não sei o que tinha na mistura, mas estava delicioso! hahahaha!
Mais exercícios, mais massagens, e as contrações
começavam a apertar. Crystina lidava super bem com as contrações. Quando elas
vinham, ela parava e respirava profundamente, depois voltava a conversar e rir
como se nada estivesse acontecendo.
Bola suíça e massagem
Depois de tomar um copo de água de coco, Crystina se sentiu um pouco enjoada e pediu David pra trazer uma pastilha de gengibre pra ela. Eluzia também começou a ficar enjoada solidariamente! hahaha! Era a ocitocina tomando conta de todas nós!
Passadas 1 horas e meia da primeira avaliação, hora de ser como as coisas iam. BCF ok e dilatação de 8cm, quase 9! As coisas estavam indo bem rápido, era hora de ir para o hospital.
Eluzia avisou a Rachel e David ligou para a pediatra Eliane. E
lá fomos nós atravessar o resto da avenida, já que o hospital ficava na mesma rua.
rs
Crystina estava bem tranquila, mas as contrações já
estavam bem intensas e precisávamos parar e agachar quando elas vinham.
Chegamos ao hospital e fomos adiantar a internação, demorou alguns minutos para
ajeitarmos tudo. Eluzia ficou na recepção e nós fomos para o Centro Cirúrgico
onde Rachel já nos esperava. David entrou primeiro e eu precisei esperar a
pediatra chegar pra ter certeza de que ela estava de acordo com a minha
presença.
Cheguei ao Centro Cirúrgico e tentei fazer um funcionário do hospital calçar os sapatinhos protetores achando que ele era o David. Mas vai... eles
eram parecidos! E com aquela roupa verde, todo mundo fica igual! hahahahaha #MICO
Crystina estava deitada de lado na mesa, com cara de
desconforto. 9cm de dilatação e Rachel pediu que ela levantasse pra ajudar a
dilatar o restinho que faltava.
David precisou descer pra ajeitar a admissão de Crystina
no hospital, parece que não havia sido feita. Eu e Crystina caminhávamos dentro
da sala e quando a contração vinha, ela agachava e vocalizava. Três contrações
depois e veio o primeiro puxo. “Tô sentindo a cabecinha dela aqui!”. Gritei a
Rachel, que saiu pulando desesperadamente por cima dos fios dos monitores atrás
das luvas. Cena cômica! rs
Rachel se esticou para aparar a cabecinha de Kylie que já
estava coroando, e eu não parava de pensar no David, que havia descido pra
resolver as burocracias.
A contração parou, corremos pra levar Crystina pra mesa
antes que a próxima viesse. Ela ficou semi inclinada, e quando a contração
vinha, apoiava em mim e levantava o tronco, ficando quase sentada. Finalmente
David chegou e veio apoiá-la do outro lado. Mais 2 contrações e lá estava
Kyle! Primeiro nasceu a cabecinha e depois o resto do corpo.
Nascida no dia 14 de outubro às 11:15h em um rápido e lindo parto natural, sem nenhuma intervenção,
na hora que quis, do jeito que quis! Com 3,630kg pouco cabelo e muita bochecha!
Foi direto pro colo da mãe, sentir o cheirinho, mamar! O cordão parou de pulsar
e estava na hora de cortá-lo. A pediatra pediu para olhar Kylie e foi “vigiada”
de perto pelos olhares atentos do pai. rs
Depois ela voltou para o colo da mãe e lá ficou até a hora de ir para o quarto.
Enquanto esperávamos, a enfermeira da maternidade veio
para fazer as perguntas de rotina (endereço, telefone, etc...). Que evolução!
Normalmente isso é feito antes do bebê nascer, com a mulher em trabalho de
parto. Péssimo hábito, porque a mulher precisa pensar em meio as contrações.
Hospital Y está de parabéns por essa iniciativa que é tão simples e tão benéfica.
No fim, tudo foi lindo e perfeito, como eles haviam
planejado!
EO ELUZIA – Valeu parceira! Mais uma missão cumprida!
GO RACHEL CARNEIRO – Você entrou pra história do hospital
hein?! Hahahaha! Parabéns pelo trabalho,
paciência e competência! Vamo que vamo mudar o cenário dessa cidade! Uhul!
Pediatra ELIANE KALLE – Obrigada pela assistência,
paciência e principalmente por respeitar o desejo dos pais de Kylie! Seu
trabalho foi de fundamental importância.
Enfermeira auxiliares – Obrigada pelo suporte meninas!!
HOSPITAL Y – Obrigada por permitirem que esse sonho se
realizasse! Vocês superaram nossas expectativas e estão de parabéns! Obrigada, obrigada,
obrigada!!
DAVID – Parabéns por toda sua determinação e participação
ativa! Que seu exemplo seja seguido por todos os pais. Obrigada por permitir
que eu participasse desse momento.
CRYSTINA – Você é uma guerreira!! Mulher determinada,
tranquila, que segue com determinação suas escolhas até o fim! Obrigada por
confiar em mim e permitir que eu estivesse ao seu lado. Parabéns, você merece!!
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